Page 9 - Atlas Dendrocaustologico
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Atlas Dendrocaustólogico
            Introdução                                                                   Ora, a localização das áreas mais afetadas pelos incêndios florestais permite dar

                                                                                       um importante contributo para esse desiderato, uma vez que traduz a influência
                                                                                       tanto das características físicas (orográficas, meteorológicas e vegetais), como
               O Atlas Dendrocaustológico de Portugal Continental visa disponibilizar   das ligadas à população residente ou de passagem pelas diferentes áreas afetadas
            informação gráfica e cartográfica sobre os incêndios florestais registados   e que, muitas vezes, direta ou indiretamente, está na origem dos incêndios e
            em Portugal, com vista a facilitar o aprofundamento do conhecimento        contribui para as proporções que alguns deles acabam por tomar. Além disso,
            científico sobre um risco que, ao longo do último meio século, tem vindo a   reflete, ainda, dificuldades inerentes ao próprio combate.
            sofrer um acréscimo considerável e a manifestar-se de forma cada vez mais    Por sua vez, a representação gráfica do número anual de ocorrências e da
            perigosa, razão pela qual importa saber não só como é que tem evoluído a sua   área ardida anualmente em cada uma das unidades administrativas em causa,
            distribuição geográfica, mas também quais são os municípios, as comunidades   ilustra a respetiva evolução ao longo do tempo e permite estimar as tendências
            intermunicipais e os distritos mais afetados e suscetíveis à sua ocorrência.  da evolução quer do número de ocorrências, quer da área queimada.
               Ora como os incêndios florestais, designação que preferimos à de incêndios   De facto, os incêndios florestais, além de consumirem a floresta e demais
            rurais (L. Lourenço, 2018), não só porque se desenvolvem preferencialmente em   vegetação, por vezes, destroem valioso património edificado, geram vítimas e,

            espaços florestais, entendidos como tendo aptidão florestal, independentemente   frequentemente, desencadeiam efeitos subsequentes que, por deixarem rochas
            de estarem arborizados (ocupados por floresta) ou incultos (preenchidos com   e solos diretamente expostos à ação dos agentes erosivos, intensificam não só os
            mato ou pastagens), mas também porque, cada vez mais, têm vindo a afetar   processos de meteorização das rochas e de mobilização dos solos, mas também
            espaços situados no interior de perímetros urbanos e industriais, logo não   a acumulação de detritos e vegetação, que se vão traduzir no aumento do risco
            rurais, se bem que, por vezes e cada vez mais, também atinjam áreas agrícolas,   de erosão hídrica do solo, chegando ao ponto de, por vezes, colocar em causa
            de índole rural.                                                           a estabilidade de certas vertentes, podendo originar movimentações em massa,
               Posto isto, consideramos que a floresta, enquanto alicerce essencial ao   tais como deslizamentos de terra, provocar enxurradas e originar inundações,
            equilíbrio ecológico, justifica plenamente a sua defesa, proteção e preservação, de   com a deposição e abandono dos materiais a jusante (L. Lourenço, 2004a).
            forma a garantir quer os benefícios ambientais, quer as mais-valias económicas   Por isso, cada vez mais os cidadãos têm de ter consciência dos riscos a
            e sociais que gera.                                                        que podem estar expostos e que os podem vir a afetar, por forma a poderem
               No entanto, as plenas manifestações do risco de incêndio florestal afetam   adotar comportamentos que previnam as consequências dessa sua eventual
            cada vez mais população e têm provocado um elevado número de vítimas       manifestação, designadamente tomando medidas de proteção. Para o efeito,
            fatais, quer entre elementos das forças de combate quer entre civis, pessoas   as populações devem estar formadas e ser treinadas regularmente, através de
            que o Estado tem a obrigação de defender e de zelar pela sua segurança, razões   aprendizagem individual e social, para responderem adequadamente antes da
            pelas quais se torna cada vez mais importante compreender os processos e as   chegada dos meios de Proteção Civil, sobre quais os comportamentos a ter e
            vulnerabilidades associadas ao risco de incêndio florestal, por forma a mitigar   os procedimentos a tomar, pois, nos momentos iniciais e em todas as situações
            as suas consequências.
                                                                                       de emergência, sejam acidentes ou acontecimentos catastróficos, as pessoas
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