Page 11 - Atlas Dendrocaustologico
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Atlas Dendrocaustólogico
calculados para todo o país, além de que deveria ser imprescindível sempre que se sobretudo porque, até então, eram em número mais reduzido e de dimensão
pensa em termos de reflorestação das áreas incendiadas” (L. Lourenço, 2004b). bem menor.
Deste modo, o grande objetivo deste Atlas Dendrocaustológio visa mostrar a Depois, em resultado das profundas modificações na estrutura
distribuição geográfica e, depois, a representação gráfica dos incêndios florestais socioeconómica da sociedade portuguesa que, embora já se tivessem
em Portugal continental, nas unidades administrativas referenciadas (distritos, iniciado antes, se acentuaram significativamente a partir dessa data e,
comunidades intermunicipais e municípios), tanto anualmente, como em valores por isso, direta e indiretamente, vieram contribuir para um substancial
médios, neste caso, por quinquénios, decénios e no período em análise, tendo aumento tanto do número de incêndios florestais, como da dimensão das
em conta os seguintes objetivos específicos: superfícies por eles queimada.
• Localizar os pontos de ignição; Com o decorrer do tempo, além dos danos causados nos ecossistemas,
• Mostrar a repartição dos grandes incêndios florestais; registou-se o aumento da perda de bens materiais, com habitações queimadas,
• Visualizar a distribuição do número de ocorrências e do número de infraestruturas destruídas ou afetadas, bem como o acréscimo do número de
ocorrências por centena de quilómetros quadrados (100 km ); vítimas fatais, quer de combatentes, quer de cidadãos, situações que importa
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• Assinalar a distribuição da área ardida em povoamentos florestais e da inverter, para o que se torna importante conhecer o fenómeno que as provoca,
percentagem de área florestal queimada, relativamente ao espaço com designadamente em termos da sua distribuição geográfica.
aptidão florestal; Ainda que só existam dados normalizados sobre incêndios florestais
• Cartografar a distribuição da área ardida em mato e da percentagem de disponíveis a partir do ano de 1980 (ICNF, a) e cartografia das áreas ardidas a
área queimada em mato, relativamente ao espaço com aptidão florestal; partir de 1990 (ICNF, b) é possível identificar e localizar não só as áreas onde
• Mostrar a distribuição do total da área ardida (em povoamentos florestais o fenómeno é mais expressivo, por ocorrer com maior frequência, mas também
e mato) e da percentagem de área queimada (em povoamentos florestais onde os seus danos, avaliados através da dimensão das áreas ardidas, são mais
e mato), relativamente ao espaço com aptidão florestal; avultados, o que permite dar forma a outro objetivo, que é o de contribuir para
• Classificar os três tipos de unidades administrativas consideradas a defesa da floresta e a prevenção dos incêndios florestais, tornando os habitantes
(Distrito, NUT III e Concelho) em função das respetivas percentagens dessas áreas mais conscientes dos riscos que correm, de modo a que venham
de ocorrências e de área ardida, através do Índice de Risco Histórico- a assumir uma cultura de segurança mais consentânea com a realidade do seu
-Geográfico e da respetiva Tipologia de Unidade Administrativa (TUA); ambiente florestal e, como se diz agora, sejam mais resilientes.
• Representar graficamente a evolução do número de ocorrências e das
áreas ardidas nos três tipos de unidades administrativas.
Como é sabido, em Portugal continental, foi essencialmente depois
do 25 de Abril de 1974 que os incêndios florestais passaram a constituir
um flagelo nacional (L. Lourenço, 2004c) e não tanto por não existirem
anteriormente, uma vez que há referência a alguns grandes incêndios, mas