Page 10 - Atlas Dendrocaustologico
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Atlas Dendrocaustólogico
implicadas dependem de si próprias e dos recursos próximos para sobreviverem. Deste modo, o Atlas pretende ser, apenas e tão somente, mais uma ferramenta,
Depois, devem colaborar eficazmente com os meios de Proteção Civil, seguindo que constitua um recurso e uma fonte de informação, simultaneamente
as suas instruções e orientações (A. Amaro, 2003). abrangente e sintética e, ao mesmo tempo, facilmente acessível a todos aqueles
Neste contexto, a sensibilização assume-se, assim, como uma peça que se interessam pela temática dos incêndios florestais: técnicos florestais e de
fundamental para a prevenção, levando à massificação do conhecimento proteção civil, silvicultores, bombeiros, jornalistas, ambientalistas, políticos,
científico e divulgação das medidas de prevenção a adotar e ações a tomar em investigadores, professores, estudantes, seguradoras, … e cidadãos.
diferentes cenários. No entanto, qualquer campanha de prevenção de incêndios
florestais deverá ter por base um conhecimento objetivo e profundo do risco de Objetivos
incêndio florestal da área geográfica onde se pretenda implementar, pois, como
temos vindo a defender, “só por si, a distribuição espacial dos incêndios florestais
ocorridos nos últimos anos constitui um óptimo auxiliar na identificação do risco
e, por conseguinte, na prossecução desse objectivo” (Lourenço et al., 1988), uma Tal como o nome indica, um “Atlas” não pretende ser mais do que um
vez que a “distribuição temporal do número de ocorrências e das áreas queimadas repositório, constituído por um conjunto organizado de estampas, elucidativas
apresenta comportamentos diversos, pelo que a sua repartição espacial também do assunto a que se referem e, num sentido mais restrito, constitui uma coleção
assume diferentes padrões de dispersão” (L. Lourenço, 2007). de mapas geográficos.
Assim, para um melhor conhecimento deste fenómeno, torna-se Este, sendo Dendrocaustológico, refere-se a mapas sobre incêndios florestais.
necessário apurar a sua distribuição geográfica em Portugal continental, Com efeito, de acordo com L. Lourenço (2004b):
representando-a cartograficamente, neste caso, através de três diferentes • dendron - significa “árvore”;
escalas de análise, coincidentes com outras tantas divisões administrativas: • kaustos - “que arde” (derivado do verbo kaio ou kao - “incendiar”, “fazer
(i) Distrito, uma unidade administrativa desde há muito consagrada, queimar”, “consumir pelo fogo”, “acender”);
tanto do ponto de vista estatístico, como do ponto de vista operacional, • logos - “palavra”, “discurso”, “razão”, “ciência”, “tratado”.
na organização de diversas entidades e que importa manter, pois permite Ora, se tivermos em conta que “os incêndios florestais, como quaisquer outros
análises comparativas e evolutivas ao longo de um extenso período de tempo; fenómenos que se desenrolem à superfície terrestre, são localizáveis” (L. Lourenço,
(ii) NUT III (Nomenclatura da Unidade Territorial de nível III, que tem 2004b), podem ser representados cartograficamente, o que permite visualizar
sofrido alterações, o que dificulta as análises comparativas, correspondendo a respetiva distribuição geográfica bem como a sua evolução temporal,
atualmente às CIM - Comunidades Intermunicipais); (iii) Concelho, a permitindo definir áreas de maior risco e explicar as causas do seu maior ou
unidade de base em termos administrativos e, também, estatísticos. No menor desenvolvimento.
fundo, trata-se de identificar melhor o território, mencionando as áreas mais “Por todas estas razões, pensamos que a representação cartográfica é importante
suscetíveis às plenas manifestações de risco, ou seja, às crises, para melhor não só para a regionalização do risco de incêndio florestal, mas também para fornecer
se poderem prevenir em cada um destes três contextos. um factor local de correção, a introduzir nos valores dos diferentes índices de risco